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Nimesulida é associada à insuficiência hepática

Famoso anti-inflamatório pode ser tóxico para o fígado


postado em 24/09/2018 10:25 / atualizado em 24/09/2018 12:58

(foto: Pixabay)
(foto: Pixabay)

A automedicação é um risco para a saúde. Alguns remédios, se usados por muito tempo ou em quantidade acima do permitido, trazem consequências nefastas para o organismo. É o caso dos anti-inflamatórios não esteroides, como a famosa nimesulida. Os efeitos colaterais dessa substância fizeram com que deixasse de ser prescrita em diversos países, incluindo Espanha, Bélgica, Japão, Canadá e Estados Unidos. No Reino Unido e na Alemanha, ela nem chegou a ser aprovada pelas autoridades de saúde.

O principal problema associado ao consumo de nimesulida é o efeito tóxico no fígado. De acordo com dois estudos, publicados nos periódicos científicos European Journal of Clinical Pharmacology e Singapore Medical Journal, o remédio usado para inibir a produção de prostaglandina, substância gerada pelo próprio corpo em caso de inflamações, acaba aumentando o risco de morte em decorrência de insuficiência hepática.

Pesquisadores do Hospital Universitário de Zurique, na Suíça, notaram que a hepatotoxicidade associada à nimesulida apresenta algumas características em comum: prevalência entre as mulheres (84% dos casos); afeta idosos a partir de 62 anos; icterícia (pele amarela) como manifestação primária (90%); e ausência de células de defesa contra parasitas e agentes infecciosos.

Segundo texto publicado no blog do Ministério da Saúde, a diminuição da quantidade de prostaglandinas no corpo leva à ocorrência de gastrites, úlceras, problemas nos rins, fígado e coração, aumento da pressão arterial e pode até dificultar o nascimento do bebê. "A insuficiência renal é um dos problemas mais graves acarretado pelo uso excessivo [de anti-inflamatório], já que com a redução de prostaglandinas, o processo de filtragem do sangue pelos rins fica comprometido e reduz a eliminação do sódio pelo órgão", informa o blog do ministério.

Vale lembrar que a inflamação é um processo natural, necessário para defesa e reparação do organismo, e deve ser interrompido apenas quando o médico achar necessário. "Também cabe ao próprio corpo produzir substâncias anti-inflamatórias capazes de agir nessas situações. Sendo assim, o combate à inflamação só é necessário quando sinais e sintomas, como inchaço e dor, são tão intensos a ponto de se tornarem desconfortáveis e incapacitantes", orienta o Ministério da Saúde.

Apesar dos estudos terem sido focados na nimesulida, o uso sem orientação de outros anti-inflamatórios, como ibuprofeno e diclofenaco, também pode levar a efeitos colaterais indesejados no fígado. O blog do ministério adverte que as reaçõea adversas causadas por esses fármacos são mais comuns após alguns dias de tratamento, mas às vezes podem ocorrer logo após a primeira dose. "Em geral, os efeitos no estômago, como dor, náuseas e vômito, podem ser diminuídos se o medicamento for ingerido com o paciente em pé ou sentado, com um copo de água, junto ou logo após uma refeição. Na maioria dos casos, os efeitos colaterais cessam com a interrupção do tratamento. Quando há necessidade de uso prolongado, o médico pode prescrever outro medicamento, para ser tomado pelo mesmo período, e, assim, evitar os efeitos colaterais no estômago", diz o texto do governo.

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