A estimativa é que a tuberculose (assintomática) acometa um terço da população mundial e que cause a morte de cerca de dois milhões de pessoas todos oa anos. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado para a doença que afeta os pulmões são considerados essenciais para a redução da transmissão da bactéria Mycobacterium tuberculosis, causadora do problema.
Pensando nisso, uma pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) está desenvolvendo um teste sorológico, considerado simples, econômico e minimamente invasivo. O pesquisador Sérgio Arruda, da Fiocruz Bahia, liderou a pesquisa que avaliou a resposta dos anticorpos de IgM e IgG como candidatos a biomarcadores da doença tuberculosa.
O artigo com o resultado do estudo foi publicado no período científico The International Journal of Tuberculosis and Lung Disease.
A pesquisa avaliou 48 voluntários, divididos entre pacientes com tuberculose, com outras doenças pulmonares e saudáveis, que serviram de controle. Ao todo, foram confirmado 19 pacientes com tuberculose. Os mesmos exames de detecção da doença foram aplicados aos indivíduos do grupo de controle e aos que tinham outros problemas pulmonares.
Pacientes que tiveram um diagnóstico confirmado de tuberculose receberam o tratamento recomendado pelo Ministério da Saúde e amostras sorológicas foram coletadas no início do estudo, bem como em dois e seis meses após o início do tratamento.
Foram avaliados os resultados dos exames IgG e IgM totais específicos para os antígenos em pacientes com tuberculose em sua primeira visita ao ambulatório antes do tratamento. Resposta de IgM a cardiolipina, fosfatidiletanolamina e fosfatidilinositol foi consistentemente maior nos pacientes com tuberculose do que nos grupos de controle. Não houve diferença nos números da fosfatidilcolina e sulfatide.
Os pesquisadores observaram que os níveis de anticorpos antifosfolipídios, principalmente anti-cardiopilina, anti-fosfatidiletanolamina, anti-fosfatidilinositol e anti-fosfatidilcolina, foram mais altos em jovens adultos com tuberculose que nos adultos dos grupos de controle. O teste IgC tiveram performances melhores, uma vez que a prevalência de pacientes com tuberculose detectados usando esse teste era maior do que utilizando o teste (86,5% cardiopilina e 81,1% fosfatidilinositol) de esfregaço de expectoração (64,9%).
Dessa forma, o uso do teste IgG para anticorpos antifosfolipídios pode ser útil para complementar testes bacteriológicos convencionais para diagnóstico rápido e na discriminação de tuberculose de outras doenças em pacientes com sintomatologia semelhante, apesar da inespecífica natureza das respostas IgM e IgG anti cardiopilina. Elisa para IgG anti cardiolipina teve alta especificidade para tuberculose se comparado a outras doenças pulmonares.
A Organização Mundial da Saúde não recomenda testes sorológicos para o diagnóstico de tuberculose pois a resposta dos anticorpos à M. tuberculosis em infecção crônica é altamente complexa e variável. O presente estudo com base em Elisa contra fosfolipídios revela um potencial como um teste rápido de triagem para diferenciação da tuberculose das doenças não pulmonares.
(com Agência Fiocruz de Notícias)