Um estudo publicado na renomada revista científica Nature e que contou com a colaboração do Ministério da Saúde revela que uma em cada 10 mortes em decorrência de câncer de mama no Brasil (cerca de 12%) poderiam ter sido evitadas com a prática de atividade física regular. De acordo com dados do ministério, os números mostram que, em 2015, 2.075 mortes poderiam ter sido evitadas se as pacientes realizassem pelo menos uma caminhada de 30 minutos por dia, cinco vezes por semana.
Conforme a pesquisa, um dos fatores que causam o tumor de mama é o excesso de estrogênio no organismo, que pode levar à formação de mutações e carcinogênese estimulando a produção de radicais. A pasta destaca que a atividade física, por sua vez, diminui o estradiol e aumenta a globulina de ligação a hormonas sexuais, provocando uma redução de circulantes inflamatórios e aumentando as substâncias anti-inflamatórias.
Os números mostram que os estados brasileiros com melhores indicadores socioeconômicos apresentaram as maiores taxas de óbitos de câncer de mama atribuível à inatividade física. O Rio de Janeiro aparece em primeiro lugar, seguido pelo Rio Grande do Sul e por São Paulo. Apesar de não aparecerem no topo da lista, estados do norte e nordeste, segundo a pasta, passam por uma transição de mortalidade, aumentando o número de óbitos por doenças crônicas e diminuindo as resultantes de outros tipos.
Atividade física
De acordo com a pesquisa, outros fatores de risco para o câncer de mama também chamam a atenção: 6,5% dos óbitos provocados pela doença são atribuídos ao uso de álcool, índice alto de massa corporal e dieta rica em açúcar. O Ministério da Saúde reforça que a adoção de um estilo de vida saudável evitaria 39% das mortes por doenças crônicas, que respondem por 76% das causas de morte no Brasil.
"Se a saúde ou doença da população brasileira continuar a tendência atual, com grande crescimento da doença crônica em adultos jovens, não haverá financiamento suficiente para o SUS, devido ao alto custo da doença crônica", avalia Fatima Marinho, diretora do departamento de Vigilância de Doenças e Agravos não Transmissíveis e Promoção da Saúde.
Números
Dados da última Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) 2017 apontam que 13,9% das mulheres das capitais brasileiras são sedentárias. O número é maior entre as que têm mais idade, mas também entre as jovens de 18 a 24 anos (21%).
A Vigitel 2017 mostra ainda que 51,3% delas praticam atividade física de forma insuficiente – não alcançam o equivalente a pelo menos 150 minutos semanais de atividades de intensidade moderada ou pelo menos 75 minutos semanais de atividades de intensidade vigorosa.
(com Agência Brasil).