Conhecida como impotência, nos anos 1980, depois definida como distúrbio de ereção, na década de 1990, atualmente, o problema ganhou uma terminologia menos estigmatizante: disfunção erétil. Apesar da alteração na denominação, a condição nunca esteve tão em pauta como agora. A abordagem da dificuldade de ereção tem sido um obstáculo tanto para o homem, que passa uma média de três anos e meio entre a queixa inicial e a procura por serviços médicos, quanto por parte dos profissionais de saúde. Isso retarda muito o tratamento e piora a qualidade de vida de milhões de pessoas, afetando negativamente o relacionamento interpessoal. Mais um tema importante para a saúde do homem neste Novembro Azul.
Além da prevenção do câncer de próstata, o homem deve dar atenção especial à disfunção erétil, já que costuma ser indício de outras consequências no organismo, como o diabetes. Segundo o urologista Jorge Hallak, professor da Faculdade de Medicina da USP, tanto a falta de ereção quanto a infertilidade são indicadores da saúde masculina que não podem ser tratados de forma trivial. "A infertilidade é um biomarcador mais precoce, que indica que a coisa não está indo bem, portanto, o indivíduo não consegue se reproduzir. A disfunção erétil é o biomarcador mais tardio de eventos que vão acontecer no futuro próximo, que levarão o indivíduo a ir ao médico", comenta o médico em entrevista à Rádio USP.
O urologista lembra que o homem precisa falar da disfunção com o médico para quebrar o tabu sobre o tema.
A ereção assume um importante papel na saúde masculina, como forma de manter o pênis em atividade, diz Hallak. "O homem tem, em média, nove ereções noturnas em uma noite de sono normal, de oito horas de sono. É saudável, é importante ocorrer isso. Então, se o indivíduo não tem ereção por meses subsequentes, aquele pênis perde capacidade. Portanto, o indivíduo que demora três anos para procurar o médico, sem ereção, é mais difícil fazer com que ele volte a ter ereção", explica o professor.
O especialista afirma que há uma ressalva em relação aos tratamentos para repor os hormônios que provocam a ereção. Os medicamentos, conhecidos em forma de comprimidos, são reconhecidos como um avanço da Medicina no combate à disfunção. Contudo, o uso descomedido gera um mal ainda maior: não buscar saber, de fato, por meio da orientação médica, a razão que está atuando no organismo, impedindo as ereções de forma natural. Eles não substituem os urologistas nem a prevenção com a ida ao especialista.
(com Rádio USP).