Segundo a Federação Mundial de Obesidade, num prazo de 10 anos o Brasil deve registrar mais de 11,3 milhões de crianças obesas. A Organização Mundial de Saúde (OMS) alerta que em 2021, caso não haja mudanças significativas de hábitos e o sobrepeso continue avançando, haverá mais crianças e adolescentes obesos do que com peso normal. Com isso, os jovens são expostos ao risco elevado de desenvolvimento de doenças crônicas como diabetes tipo 2, dislipidemias (colesterol alto) e hipertensão arterial.
Como mostra a nutricionista Tarcila Ferraz, da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), em 2015, uma em cada três crianças que saíram da escola primária estavam com excesso de peso. "Por mais que o fator genético influencie é o ambiente ao qual o jovem está inserido que exerce maior impacto, especialmente considerando a alimentação e o sedentarismo. Desta forma, é fundamental cuidar da dieta desde cedo. Quanto mais os pais, nutricionistas, pediatras e endocrinologistas se anteciparem e trabalharem conjuntamente para evitar ou reverter à obesidade na infância, melhor", orienta a especialista.
A obesidade e o sobrepeso possuem relação direta com o risco aumentado as doenças crônicas. "Estudos revelam que crianças obesas têm quatro vezes mais chances de ter diabetes tipo 2 aos 25 anos, quando comparadas com outras que não têm histórico de sobrepeso", diz a nutricionista.
A principal forma de prevenção, claro, passa pelo cuidado com a alimentação. Por isso, os pais devem entender os limites da saciedade na criança, sem impor ou exigir a ingestão total ou excessiva dos alimentos. O consumo de frutas, verduras e legumes deve ser estimulado; sempre se atentando ao tipo de gordura consumida. Além disso, é importante não pular refeições e nem substituí-las por lanches.
Na hora de preparar a lancheira, a dica de Tarcila Ferraz é para dar preferência para lanches caseiros com proteínas magras, como frango, atum e queijo branco, associando com verduras e legumes (alface, tomate, cenoura e beterraba ralada, por exemplo).
Vale lembrar que o Ministério da Saúde recomenda que as lanchonetes e cantinas das escolas evitem balas, pirulitos, gomas de mascar, biscoitos recheados, salgadinhos, pipocas industrializadas, refrigerantes, bebidas alcoólicas, sucos artificiais, fritura e alimentos industrializados cujo percentual de calorias provenientes de gordura saturada ultrapasse 10% das calorias totais.
"Uma alimentação saudável, que considere a individualidade da criança e que seja baseada em alimentos in natura e reduzida em alimentos processados, ricos em açucares, gorduras e sal, associada com hábitos saudáveis, como a prática regular de atividade física, pode reduzir a ocorrência de obesidade e diabetes tipo 2 na população", lembra a especialista.
Impacto familiar
Desmame precoce e a consequente alimentação por mamadeira com opções enriquecidas com açúcar é um fator que pode favorecer o ganho de peso. Além disso, o consumo abusivo de carboidratos e alimentos ultraprocessados, de guloseimas e refeições às pressas também podem contribuir para o sobrepeso e a obesidade.
"Fatores psicossociais também podem influenciar, como encontrar no alimento uma compensação para problemas emocionais. Conflito entre os pais e problemas escolares podem causar distúrbios psicológicos reacionais. Comida não é recompensa", alerta Tarcila Ferraz.