Seja para perda de peso, ganho de massa muscular ou até mesmo melhora do desempenho sexual, existem diversos tipos de suplementos alimentares disponíveis no mercado. Obviamente, o uso indiscriminado desses produtos pode causar o efeito inverso e danificar a saúde. Mas, mesmo o uso controlado pode ser perigoso, de acordo com um estudo americano publicado no dia 12 de outubro no site científico Jama Network.
Os autores destacam cerca de 750 advertências emitidas contra suplementos por conterem substâncias nocivas ao organismo. Esses alertas foram registrados entre os anos de 2007 e 2016 pela Food and Drug Administration (FDA) – órgão do governo americano semelhante à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), no Brasil.
O problema é ainda mais grave, afirmam os cientistas citados pelo site americano Medical Daily, especializado em notícias médicas, porque os suplementos alimentares envolvidos nas advertências eram descritos como totalmente naturais por seus fabricantes, o que passava ao consumidor a ideia de que eram produtos absolutamente incapazes de prejudicar a saúde.
Outro risco levantado pelos pesquisadores diz respeito às doenças crônicas que impedem algumas pessoas de utilizarem determinados medicamentos, como é o caso dos hipertensos. Estes indivíduos, ao recorrerem a suplementos supostamente naturais, na verdade, acabam consumindo substâncias que podem provocar infarto ou acidente vascular cerebral (AVC).
O documento publicado no Jama Network destaca, ainda, que foram realizados quase 23 mil atendimentos médicos de emergência nos Estados Unidos entre 2007 e 2016 supostamente motivados por efeitos adversos derivados da utilização de suplementos alimentares.
Fiscalização
"É inacreditável que a FDA tenha emitido alertas contra esses suplementos e, mesmo assim, não ordenou que eles fossem retirados do mercado", reclama o pesquisador Peter Cohen, da Escola de Medicina da Universidade de Harvard (EUA), em entrevista ao site especializado.
O especialista critica também a falta de rigor na fiscalização de suplementos por parte da FDA. Conforme Cohen, ao contrário do que acontece com os medicamentos, o órgão regulador não realiza testes de segurança e eficácia nos suplementos alimentares antes de chegarem aos consumidores. Por este motivo, ele acredita que, para solucionar o problema, as leis direcionadas a esse tipo de produto devem ser revistas para tornarem-se mais rígidas.
Sendo assim, Peter Cohen não recomenda a ingestão de suplementos, mas pondera que, em caso de necessidade, as pessoas devem recorrer somente a suplementos de ingredientes únicos, fugindo sempre dos que prometem "efeitos milagrosos"..