O Verão começa na próxima sexta, dia 21 de dezembro. Além do calor e das tempestades, a nova estação traz o alerta para os efeitos nocivos da exposição excessiva á radiação solar. O câncer de pele tipo não-melanoma é o mais frequente no Brasil, com uma estimativa de 165.580 novos casos em 2018, segundo dados do Instituto do Câncer (Inca). Os médicos recomendam o uso constante de protetor solar, principalmente no rosto. Porém, existe uma "crença" que circula na internet, especialmente entre os seguidores do "slow beauty", movimento que incentiva o uso de produtos naturais, afirmando que os produtos disponíveis no mercado estariam associados ao câncer de pele.
O rumor de que os protetores podem ser tóxicos surgiu após pesquisas alegarem que algumas substâncias presentes nos produtos, como a oxibenzona, podem causar reações alérgicas e até mutações no DNA. Segundo o oncologista Felipe Ades, do Centro Paulista de Oncologia (SP), os resultados desses estudos ainda são controversos. Ele lemnbra que existem inúmeras pesquisas que mostram que o uso diário de protetor solar reduz o risco de câncer de pele. "Já sabemos que mais de 70% da população brasileira não aplica o filtro solar diariamente. Parar de recomendar o seu uso sem pesquisas fundamentadas seria imprudente", comenta o especialista.
Com o intuito de trocar o protetor solar industrializado por uma opção mais natural, diversas receitas caseiras viralizaram nas redes sociais, mas a eficácia da maioria é duvidosa e pode até colocar a saúde em risco. Os óleos naturais ou a pasta d'água aparecem dentre as opções, porém, pela falta de testes é difícil alegar a capacidade de proteção desses produtos. "A proteção solar dessas receitas é muito pequena e em alguns casos inexistente", afirma o médico. A sugestão do oncologista é que o interessado busque opções que utilizem fórmulas com certificação de qualidade.
Geralmente, os principais sintomas de câncer não melanoma são lesões cutâneas com crescimento rápido, com sangramento, ulcerações que não cicatrizam, que podem apresentar coceira e algumas vezes dor aparentes em áreas muito expostas ao Sol como rosto, pescoço e braços. Felipe Ades afirma que pessoas com pele, cabelos e olhos claros têm o risco aumentado de desenvolver a doença. A idade constitui outro fator, principalmente a partir da quinta década de vida, pois quanto maior o tempo de exposição da pele aos raios solares, mais envelhecida ela fica. Evitar a exposição excessiva sem proteção adequada é a melhor medida – e isso vale desde a infância.
"É preciso buscar aconselhamento médico especializado principalmente quando a mancha surge repentinamente, sem algum acontecimento relacionado que justifique", diz o especialista.