Em 2013, os médicos passaram a usar o termo Transtorno do Espectro Autista, que agrupou todos os subtipos do problema, incluindo a Síndrome de Asperger, considerada uma forma mais branda do transtorno. De acordo com a neuropediatra Andrea Weinmann, como o Asperger tinha este aspecto de ser uma forma mais "leve" do autismo, muitas crianças não conseguiam acesso aos tratamentos ou até mesmo ficavam sem diagnóstico. "O termo 'espectro autista' colaborou para ampliar a variedade de sinais e sintomas, com diferentes níveis de gravidade", comenta a especialista.
A médica esclarece que na Síndrome de Asperger a criança não apresenta atraso na fala e nem déficit intelectual. "São crianças que falaram dentro do tempo esperado e têm um quociente de inteligência normal ou até acima da média. Porém, apresentam déficits importantes nas habilidades sociais, interesses restritos e comportamentos estereotipados. Como na maioria dos casos a inteligência é normal ou acima da média, há um mascaramento do déficit das habilidades sociais. A criança vai encontrando maneiras de compensar suas dificuldades sociais e isso pode atrasar o diagnóstico de forma significativa", afirma a neuropediatra.
Um dos aspectos mais afetados nas crianças com Asperger é o convívio social. Ao contrário dos outros espectros do autismo, elas desejam fazer amigos, mas não possuem as habilidades sociais necessárias para criar e manter as amizades.
Há uma característica importante desse tipo de autismo: apesar de a criança não apresentar atraso no desenvolvimento da fala, pode ter dificuldade em interpretar a linguagem não verbal. "Este espectro do autismo dificulta a interpretação das expressões faciais, do tom da voz, da linguagem corporal, assim como impede que o paciente entenda o que é literal e o que não é. Em geral, são crianças que não entendem piadas, metáforas ou comparações", comenta a especialista.
Como a cognição costuma ser normal nos pacientes com Asperger, quanto antes for feito o diagnóstico, mais fácil será lidar com a condição. Isso quer dizer que a criança poderá ser treinada para desenvolver as habilidades sociais, superando esse déficit nas interações sociais.
"O ideal é começar este treinamento na fase em que há maior neuroplasticidade, ou seja, a capacidade do cérebro em criar novas conexões neurais que podem ajudar na integração social. O acompanhamento contínuo com o neuropediatra também é fundamental para avaliar comorbidades que podem fazer parte do quadro", afirma a médica..