Sabia que dormir é tão importante quanto respirar? Desde 2013, cientistas adicionaram aos sistemas circulatórios (cardiovascular e linfático), o chamado glinfático, que atua na desintoxicação do cérebro, majoritariamente durante o repouso, por meio da quebra de substâncias como a alfa-sinucleína (associada ao Mal de Parkinson) e a beta-amiloide (relacionada ao Mal de Alzheimer).
De acordo com o pesquisador Alan Luiz Eckeli, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, em entrevista à Rádio USP, existe um estudo que mostra que pessoas que dormem menos de seis horas por dia têm uma menor expectativa de vida; pelo menos, em áreas como Europa, Ásia e América do Norte. Salvo sinais físicos, a exemplo de fadiga, sonolência, redução da capacidade motora e cansaço, a insônia pode levar à perda de atenção e ao mau funcionamento do processo cognitivo. Durante o descanso, é consolidada a memória no cérebro. "Não existe vida sem sono", resume o cientista.
Para Alan Eckeli, a modernidade alterou o padrão do ciclo sono-vigília (quando estamos acordados). São muitos os sinais e informações ao longo do dia. "Normalmente, a última coisa que o sujeito faz antes de deitar é olhar o smartphone, e levanta com o aparelho na mão", diz o pesquisador à Rádio USP.
A quantidade de luz recebida pelos olhos, principalmente após as 20 horas, pode reduzir a quantidade de produção de melatonina, hormônio e neurotransmissor que age no Sistema Nervoso Central e leva à sonolência. Ou seja, a alta exposição à luz azul emitida pelas telas de televisores e celulares pode levar a um sono irregular.
A relação do espectador com o dispositivo de comunicação também é relevante no processo. A televisão pode ser um distrator. A pessoa assiste em busca de esquecer dos problemas cotidianos, logo é passiva. Com o smartphone, o sujeito é sempre ativo, ele busca informações. Fora que há um processo de retroalimentação, quanto mais se encontra, mais ativa um mecanismo de recompensa no cérebro, engajando ainda mais a atenção, de acordo com Eckeli.
Dormir muito também gera consequências. "Lentificação psicomotora, dolorimento e fibromialgia [dor por todo o corpo]. O indivíduo tem de perceber o seu tempo de sono ideal, por meio dos sinais do próprio corpo", diz o cientista.
O normal para um adulto é descansar de sete a oito horas por dia, porém, cada pessoa possui suas próprias necessidades. Além disso, esse intervalo pode ser dividido em mais de uma experiência, como nas sestas (descansos após o almoço, bastante comum em países hispânicos).
As pesquisas apontam cada vez mais que, sobretudo para os atletas, o sono saudável melhora a performance do corpo, não bastando apenas se alimentar bem e se exercitar conscientemente. Dormir bem também é uma necessidade básica do organismo.
(com Rádio USP)