Muitas técnicas usadas pela Medicina Tradicional Chinesa são aplicadas no Brasil, inclusive no Sistema Único de Saúde (SUS). A acupuntura e o uso de fitoterápicos são dois dos procedimentos mais conhecidos e aplicados. Até o Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP) utiliza a acupuntura, de maneira integrada à Medicina Moderna, principalmente no tratamento de pacientes com doenças crônicas.
De acordo com o acupunturista André Tsai, da USP, antes de qualquer coisa são realizadas a anamnese (averiguação do histórico do paciente) e a propedêutica (técnicas básicas utilizadas por um médico buscando um diagnóstico). "Só depois da confirmação do quadro, se não há algo grave, como metástase, câncer, problemas nos rins, se propõe o tratamento integrado", diz o especialista em entrevista para a Rádio USP.
O médico mostra que casos de dores crônicas, como fibromialgia, ou enfermidades persistentes, podem ser enfrentados com auxílio de acupuntura, fisioterapia e até mesmo o consumo de certas ervas. A principal vantagem da terapia alternativa, como diz Tsai, é a inexistência de efeitos colaterais mais graves, como irritações no estômago e complicações renais, causados pelos medicamentos tradicionais.
O especialista lembra que as técnicas orientais foram desenvolvidas por meio da Medicina empírica, ou seja, por meio da observação dos sintomas do paciente e do ambiente no qual ele se abrigava, resultando em medidas práticas efetivas. Esse conhecimento foi acumulado e catalogado ao longo de três milênios. Para a dor, notaram-se alguns pontos de maior sensibilidade. Perceberam que, ao pressionar esses meridianos, havia um alívio imediato. "Uma metáfora que explica bem é a do encanamento. A pressão desentope o fluxo, permitindo uma circulação normal de energia . O chi, ainda que pareça, não tem nada de místico, é tão fisiológico quanto possível, faz parte do funcionamento do organismo", comenta o acupunturista.
Claro que com a tecnologia atual, a aplicação da Medicina Tradicional Chinesa também evoluiu. André Tsai afirma que o diagnóstico preciso é o primeiro suporte. "As próprias agulhas são de material flexível e de ponta romboide, evitando-se, assim, as dilacerações de tecido. Antigamente, eram usados os dedos , pedras e até mesmo lasca de bambu. De qualquer maneira, a técnica apurada do médico continua a ser a melhor garantia de eficiência", completa o médico.
(com Rádio USP)
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