Que a alimentação adequada é essencial para a manutenção da saúde, todo mundo sabe. Porém, de acordo com um estudo publicado na última quarta, dia 3 de abril, na revista médica The Lancet, as dietas ruins estão causando mais mortes em todo o mundo do que o cigarro. A informação foi divulgada pela emissora estatal alemã Deutsche Welle.
Segundo a pesquisa, uma dieta alimentar inadequada é responsável por mais mortes do que qualquer outro fator de risco, incluindo o hábito de fumar. Cerca de 11 milhões de pessoas morrem todos os anos devido à ingestão de alimentos considerados danosos. Uma em cada cinco mortes no mundo em 2017 estava associada à dieta ruim, que provoca doenças cardiovasculares, cânceres e diabetes tipo 2. O cigarro matou oito milhões nesse mesmo ano, conforme dados do estudo.
Para realização da pesquisa foram avaliadas as tendências de consumo de acordo com 15 fatores, entre 1990 e 2017, em 195 países. A maior proporção de mortes relacionadas aos alimentos foi registrada no Uzbequistão (195º colocado), seguido por Afeganistão, Ilhas Marshall e Papua Nova Guiné. Os países que tiveram a menor proporção desse tipo de morte foram Israel, com apenas 89 óbitos a cada grupo de 100 mil pessoas, seguido por França, Espanha, Japão e Andorra. O Brasil ficou na 50ª colocação.
"O estudo mostra o que muitos pensam há anos: que uma dieta pobre é responsável por mais mortes do que qualquer outro fator de risco no mundo", comenta o pesquisador Christopher Murray, da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, um dos autores do estudo, citado pela Deutsche Welle.
Na média global, o consumo per capita de bebidas ricas em açúcar é 10 vezes superior ao recomendado, e o de sódio, 86% superior. As pessoas comem, em média, apenas 12% da quantidade recomendada de nozes e grãos. O consumo de carne vermelha é 18% superior ao considerado adequado.
No Brasil, detectou-se uma deficiência no consumo de grãos e cereais integrais, assim como nos Estados Unidos, na Alemanha, na Nigéria, na Rússia e no Irã.
O estudo afirma que as dietas mais fatais são aquelas ricas em sódio (alimentos salgados) e as que carecem de cereais integrais, frutas, nozes, grãos, vegetais e ômega-3. A ingestão de bebidas doces, carboidratos, gorduras e carne vermelha têm menor influência, mas ainda é considerada fator de risco.
Para os pesquisadores, "as mortes se associam mais com não comer suficientemente alimentos saudáveis do que com comer demais os que são ruins para a saúde".
Das 11 milhões de mortes apontadas pela pesquisa, 10 milhões foram decorrentes de doenças cardiovasculares; 913 mil por câncer; e 339 mil por diabetes tipo 2.
Mas manter uma dieta saudável e equilibrada não depende apenas da vontade das pessoas. Como mostra a emissora elmã, a desigualdade econômica influencia negativamente nas escolhas alimentares. O estudo recém publicado aponta que, em média, chegar às porções de frutas e vegetais recomendadas pelos médicos (cinco por dia) custa apenas 2% da renda das famílias nos países ricos, mas mais da metade da renda familiar nas nações menos desenvolvidas.
A partir do estudo, os autores defendem que as autoridades devem se concentrar em impulsionar dietas equilibradas e o acesso a produtos saudáveis em vez de focar na restrição de alimentos menos saudáveis.
(com Deutsche Welle)