Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a enxaqueca é a sexta doença mais incapacitante do mundo e atinge 30 milhões de brasileiros. Trata-se de uma dor de cabeça, em geral, unilateral, pulsátil, com uma intensidade moderada a grave e que piora com as atividades de rotina. "Arrastar um móvel, subir uma escada, quaisquer atividades rotineiras agravam a dor. A crise é acompanhada de ao menos um desses sintomas, náusea e vômito, fotofobia (sensibilidade à luz) ou fonofobia (sensibilidade aos sons)", explica Daniel Isoni Martins, coordenador do Serviço de Neurologia do Hospital Vila da Serra.
O que diferencia a enxaqueca das demais dores de cabeça oriundas de doenças severas é a ausência de outros sintomas neurológicos. "Na presença de um tumor, as dores são persistentes e progressivas, sua intensidade aumenta com o passar dos dias ou dos meses, acompanhadas de alteração visual, alteração de fala, alteração cognitiva, alteração de força ou alteração motora, dependendo da sua localização. A dor de um aneurisma é, desde o início, a pior dor de cabeça que o paciente sente na vida, ela é súbita, explosiva e intensa, acompanhada de outros sintomas neurológicos. A dor de cabeça decorrente de uma infecção vem com febre associada, rigidez da nuca", descreve o neurologista.
Daniel Isoni Martins aponta que alterações hormonais – no caso das mulheres –, estresse, ansiedade, jejum e falta de sono podem ser gatilhos da enxaqueca, mas uma série de alimentos e bebidas também favorecem os episódios de crise, daí a necessidade de acompanhamento médico para um tratamento profilático e atenção aos hábitos de vida.
"Excesso de cafeína, chá preto, chá mate, refrigerantes, algumas frutas cítricas (limão, laranja, abacaxi, maracujá, morango), tomate, queijos amarelos, leite e seus derivados, embutidos (presunto, salaminho), condimentos, como molho shoyu, ketchup e barbecue, produtos industrializados que contêm glutamato monossódico, vinho tinto, principalmente aqueles com muito tanino, são potenciais causadores, mas vale lembrar que os fatores desencadeantes variam de pessoa para pessoa", afirma o médico.
O neurologista relata que há pouco tempo foram lançados no mercado novos tratamentos preventivos da enxaqueca aguda, que são os inibidores do gene de calcitonina (CGRP – Peptídeo Relacionado ao Gene da Calcitonina), substância que dispara as crises de enxaqueca. Chamados de anticorpos monoclonais anti-CGRP, esses medicamentos bloqueiam a substância CGRP que é liberada de maneira bem intensa no início de uma crise de enxaqueca. Dentre aqueles liberados pela Anvisa, temos o erenumab, fremanezumab e galcanezumab que são administrados como uma injeção subcutânea, uma vez ao mês e costumam ser usados durante um ano", informa.
Contudo, o coordenador do Serviço de Neurologia do Hospital Vila da Serra destaca que o tratamento da enxaqueca não consiste apenas em tomar remédios. "O paciente precisa adotar hábitos saudáveis, melhorar a qualidade de sono, reduzir o estresse, fazer atividade física regularmente, ter uma alimentação balanceada", pondera.