A maioria dos casos de câncer do colo do útero está associada ao HPV. "Sete tipos de HPV, dentre os mais de 200 existentes, são responsáveis por 70% dos cânceres do colo do útero e de lesões pré-cancerosas. A infecção pelo papilomavírus humano pode ser evitável pelo uso de preservativo e pela vacina quadrivalente, disponível no SUS para crianças e adolescentes de 9 a 14 anos e pacientes imunossuprimidos de 9 a 45 anos", informa Paula Távora, patologista do Hospital Vila da Serra e coordenadora da clínica Vacsim.
"É um avanço significativo para a saúde da população, pois trata-se de um imunizante que protege contra 9 subtipos de HPV, sendo 7 com elevado risco para câncer do colo do útero e 2 responsáveis por verrugas genitais. Ajuda ainda a prevenir tumores de vulva e vagina, ânus e pênis nos homens, orofaringe e boca. Por enquanto a vacina HPV nonavalente está disponível apenas na rede particular", esclarece a médica.
Para pacientes imunocomprometidos, a vacina contra o vírus é uma prioridade: segundo a OMS, o risco de desenvolver câncer associado ao HPV é quase quatro vezes maior entre transplantados e quem vive com HIV em comparação ao restante da população. "Ainda de acordo com a agência, em mulheres com o sistema imunológico saudável o processo de formação do câncer do colo do útero leva entre 15 e 20 anos; naquelas com o sistema imune comprometido, o período cai para 5 a 10 anos", comenta Paula Távora.
A patologista alerta que embora cerca de 10 milhões de brasileiros estejam infectados pelo vírus HPV, conforme dados da OMS, a adesão à vacina ainda é baixa. "O Ministério da Saúde divulgou que de 2019 para 2022 houve uma queda de 11% no número de meninas que receberam a primeira dose, e entre os meninos, de 7%. Isso sem falar na segunda dose, que alcançou no ano passado apenas 58,29% das meninas e 38,39% dos meninos. A educação é a chave para conscientizar a sociedade sobre a importância do imunizante para prevenir o câncer e outras doenças relacionadas ao HPV", finaliza.
Imunizante é o primeiro inativado contra o herpes-zóster
Outra vacina recém-chegada ao país evita a manifestação de uma doença conhecida por causar dor intensa, o herpes-zóster, e que pode ser aplicada em maiores de 18 anos e imunodeprimidos. "A Shingrix é um imunizante recombinante inativado com mais de 90% de eficácia que, diferentemente da vacina viva atenuada, pode ser aplicado em pacientes oncológicos, transplantados, que vivem com HIV, indivíduos com alta prevalência de casos de herpes na família e que têm menos de 50 anos", esclarece a especialista.
Além de reduzir o risco de desenvolvimento da inflamação viral, a imunização é importante para prevenir as complicações prolongadas da doença, como explica o infectologista. "As principais são o acometimento ocular, que é mais incomum, e a neuralgia pós-herpética, uma condição crônica e debilitante que causa dor aguda nos nervos, queimação e ardência, persiste por mais de três meses após o início da lesão cutânea do herpes-zóster ou até mesmo por anos. Afeta até 30% dos pacientes, especialmente pessoas acima de 60 anos", informa o infectologista. A vacina ainda não está disponível no Programa Nacional de Imunizações (PNI).
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