"Uma dieta rica em carne vermelha, alimentos ultraprocessados, como embutidos e defumados, álcool e sal, e pobre em frutas e vegetais, associada ao tabagismo e sedentarismo são os principais fatores de risco do tumor gástrico, bem como infecção pela bactéria Helicobacter pylori e pelo vírus Epstein-Barr, doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) e esôfago de Barrett. Há também um risco aumentado para pessoas com algumas síndromes genéticas, com polipose adenomatosa familiar e as síndromes de Li Fraumeni e Lynch de Peutz Jeghers", esclarece Juliano Dazzi Rigoni, oncologista do Grupo de Tumores do Trato Gastrointestinal do Hospital Vila da Serra.
De acordo com Juliano Dazzi Rigoni, o tumor gástrico pode levar décadas para se desenvolver e é assintomático em estágios iniciais. "É uma neoplasia insidiosa e progressiva, que começa com lesões nas células gástricas, gerando displasias e metaplasias, até evoluir para lesões pré-malignas e os tumores propriamente ditos. Normalmente, em pacientes jovens e portadores de síndromes genéticas o câncer de estômago cresce mais rápido, em poucos anos. Os sintomas variam de acordo com a região gástrica acometida: epigastralgia (dor de estômago), pirose (queimação), náusea ou vômitos, sensação de "empachamento/indigestão" (retenção do alimento por um tempo prolongado no estômago). Em fases mais avançadas, os sinais são perda de peso, astenia (fadiga), sensação de saciedade precoce e anemia", afirma.
Seja qual for o indício, o médico ressalta que é fundamental passar por uma avaliação médica. "Posteriormente à identificação de fatores de risco e ao exame físico é feita uma endoscopia digestiva alta seguida de biópsia. Confirmado o câncer de estômago, são realizados exames complementares para estadiamento tumoral, como ecoendoscopia, tomografia, ressonância, PET-Scan e laparoscopia", descreve.
A boa notícia é que a medicina de precisão permite tratamentos individualizados para os diferentes estágios da doença. "Até poucos anos atrás, as terapêuticas eram limitadas à cirurgia, quimioterapia e radioterapia. Recentemente, estudos mostraram benefícios na incorporação de novas terapias, como a imunoterapia (Pembrolizumabe, Nivolumabe) para pacientes expressores de PDL-1, terapia direcionada anti-HER2 (trastuzumabe, trastuzumabe + deruxtecan), e as terapias alvo-direcionadas para fusões em N-TRAK (larotrectinibe, entrectinibe), pacientes alto expressores da proteína Claudina 18.2 (Zolbetuximabe), além da indicação já consolidada da imunoterapia Pembrolizumabe para portadores de instabilidades de microssatélites ou TBM-high (alta taxa de mutações no DNA de células tumorais)", conclui Juliano Dazzi Rigoni.
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